[crítico de arte | historiador]
A pintura de Fernando Vidal, feita de cores densas e de gestualismo preciso, expressa com nitidez, e, sem subterfúgios, um certo pendor de agressividade, no seu turbulento jogo descodificador das superfícies e das texturas. Percebe-se o quanto a actividade profissional do designer de comunicação visual informa o traço, estudado e nervoso, e aglutina os efeitos cromáticos, num paisagismo onírico que denuncia as suas fontes eruditas.
Desta conjunção de factores - desenho de fibra gestualizante, e sentido cromático buscando planos decompostos - provém uma pintura singular, produto de experiências sucessivas e, decerto, de muitas investidas goradas.
Esta pintura, pois, é um conjunto de sonhos plenos de originalidade formal e de qualidades técnicas. Desvirtuando o posicionamento académico do ex-estudante da Ar.Co e da ESBAL que tenta assumir(-se) desapaixonadamente (n)outros caminhos de traço e de mancha.
[1985] Texto para o catálogo da exposição de Pintura no Museu Tavares Proença Júnior, Castelo Branco.
[crítico de arte]
Sobre papel e em pequenos formatos, uma pintura pacientemente trabalhada na diversificação de texturas e na articulação de planos e luzes, que a sobreposição de plástico parcialmente vela e remete ainda mais para sugestões de impressão fotográfica ou de gravura.
[1985] Semanário Expresso (12OUT1985)
Existe uma força crescente na pintura de Fernando Vidal, que ora é serena ou quando menos se espera transborda, explodindo em gigantesca energia.
[1985] Texto para o catálogo da exposição de pintura na Galeria de Arte Moderna da Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
Este é o Fernando Vidal o pintor, Artista por inteiro.
[2006] Texto para catálogo de artistas da Oficina do Desenho.
[pintor]
[artista plástico | Artever]
Para nós, há como que um olhar de mirantes que em viagem fixam um momento. Olha-se o instante e vê-se o instantâneo. Pouco importa se é de dia ou de noite, para que a acuidade registe um grande espaço ou algo pequeno e mais próximo.
Ao observar, estas obras, poderíamos cair na tentação de situar lugares, regiões, países, continentes ou universos. Poderíamos fixar-nos no modo de fazer, no modo de apor a matéria. Mas, eis que, surge a sugestão do elemento. Pela cor, pela forma, pelo tempo…
É laranja! É tórrido; É vermelho! É quente; É azul! É frio;
É verde! É cálido; É amarelo! É seco; É castanho! É árido;
É preto! É enigma... E de seguida, em catadupa: o fogo,
o sangue, a água, o ar, a areia, a terra, a escuridão…
Damos mais uma volta e confrontamo-nos com a nossa posição em relação ao espaço. Estamos a ver de frente? De lado? De cima? De baixo? Ou de lado nenhum? De todos os lados em simultâneo é que não. Digamos que estamos a ver de dentro para fora da imagem e, de fora para dentro de nós. Há como que um espalhar o visível. Há como que um vasculhar o indizível. Tudo para que possamos ver de longe.
[2009] Texto para o catálogo da exposição de pintura 'Ver de Longe' na Galeria Espaço Artever, Amadora.